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domingo, 15 de novembro de 2009

NÃO TEM NADA PARA FAZER AQUI


Quantas vezes você ficou pensando horas sobre onde ir e acabou indo ao lugar de sempre? Quantas vezes você ficou em casa por que não tinha nada prá fazer?

Quando eu era adolescente e morava em Taquara tínhamos dia e lugar certos para sair à noite. Na sexta era um e no sábado era outro. Ponto. A falta de opções era até divertida porque todo mundo que você queria encontrar estava lá no mesmo lugar que você. Talvez por isso eu me fascine tanto com São Paulo e com o diverso cardápio que tenho à minha disposição. Toda vez que eu compro a Vejinha eu faço um “ok” ao lado dos lugares que já conheço e grifo com caneta marca texto os lugares que quero conhecer. Nem sempre vou, aliás, raramente faço planos depois deste diagnóstico, mas o exercício é divertido. E naqueles momentos que sou designada pelos meus amigos a escolher o lugar aonde vamos eu nunca me lembro de recorrer aos meus diagnósticos. Aí acabamos sempre no Brás, no Gardênia, no Vaca Veia, na Galeteria, no Portucho e no Secreto.

Semana passada eu tive um compromisso na Freguesia do Ó no sábado de manhã. Eu não ia lá havia uns três anos e já não sabia calcular quanto tempo eu levaria. Saí com antecedência considerando as obras na Marginal que poderiam me atrasar. Cheguei uma hora e meia antes do horário marcado. Resolvi pendurar a minha máquina fotográfica no ombro e sair a procurar lugares fotografáveis. Encontrei a praça matriz da Freguesia do Ó, uma igreja e alguns barzinhos com mesinhas na calçada. Fiquei ao mesmo tempo encantada em descobrir aquele cenário dentro da maior cidade do país e profundamente decepcionada com o estado de conservação da igreja. Há poucos meses visitei o maior número de igrejas da minha vida entre ortodoxas russas e católicas francesas e nenhuma me causou tanto incômodo como ver as figuras de São Paulo e São Pedro pichadas por alguém que se autodenomina “Zico”. Mas a deficiência da organização turística da cidade merece outro texto e vou me manter focada na experiência positiva da Freguesia.

Em vinte minutos eu tinha fotografado tudo que eu queria e resolvi sentar para tomar um café e olhar o movimento. A senhora que passou comentou que “com este vento o tempo vai virar”, o garçom veio saber o que me trazia à Freguesia como se dissesse na minha testa e na minha máquina fotográfica que eu definitivamente não era dali. Me senti no interior do interior. Eu escrevi no facebook e no twitter que eu estava lá e rapidamente um amigo me ligou para que eu não esquecesse de conhecer o Frangó, o bar mais famoso do bairro. Descobri que estava ao lado do Frangó, mas naquele horário só estávamos eu e um senhor de chapéu panamá que escutava uma “milonga paraguaia” que tocava no seu carro estacionado em frente ao bar. Fiquei fazendo planos de convidar meus amigos para ir lá noutro sábado à tarde, assim como eu já fiz para fotografar o centro da cidade, para comer frutas que não conhecemos no Mercado Municipal e para jantar e jogar no Velhão na Serra da Cantareira. Eu nunca realizei nenhum destes planos.

O texto de hoje é o meu compromisso de transformar meus diagnósticos da Vejinha em novas explorações da cidade, promover os passeios que idealizei e incentivar meus amigos a fazer o mesmo. Pode ser que um dia eu não more mais aqui e, quando este dia chegar eu não quero ir embora com a sensação de que faltou muita coisa prá viver! Quero ter vivido São Paulo plenamente, do jeito que eu planejei!

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