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domingo, 15 de novembro de 2009

NÃO TEM NADA PARA FAZER AQUI


Quantas vezes você ficou pensando horas sobre onde ir e acabou indo ao lugar de sempre? Quantas vezes você ficou em casa por que não tinha nada prá fazer?

Quando eu era adolescente e morava em Taquara tínhamos dia e lugar certos para sair à noite. Na sexta era um e no sábado era outro. Ponto. A falta de opções era até divertida porque todo mundo que você queria encontrar estava lá no mesmo lugar que você. Talvez por isso eu me fascine tanto com São Paulo e com o diverso cardápio que tenho à minha disposição. Toda vez que eu compro a Vejinha eu faço um “ok” ao lado dos lugares que já conheço e grifo com caneta marca texto os lugares que quero conhecer. Nem sempre vou, aliás, raramente faço planos depois deste diagnóstico, mas o exercício é divertido. E naqueles momentos que sou designada pelos meus amigos a escolher o lugar aonde vamos eu nunca me lembro de recorrer aos meus diagnósticos. Aí acabamos sempre no Brás, no Gardênia, no Vaca Veia, na Galeteria, no Portucho e no Secreto.

Semana passada eu tive um compromisso na Freguesia do Ó no sábado de manhã. Eu não ia lá havia uns três anos e já não sabia calcular quanto tempo eu levaria. Saí com antecedência considerando as obras na Marginal que poderiam me atrasar. Cheguei uma hora e meia antes do horário marcado. Resolvi pendurar a minha máquina fotográfica no ombro e sair a procurar lugares fotografáveis. Encontrei a praça matriz da Freguesia do Ó, uma igreja e alguns barzinhos com mesinhas na calçada. Fiquei ao mesmo tempo encantada em descobrir aquele cenário dentro da maior cidade do país e profundamente decepcionada com o estado de conservação da igreja. Há poucos meses visitei o maior número de igrejas da minha vida entre ortodoxas russas e católicas francesas e nenhuma me causou tanto incômodo como ver as figuras de São Paulo e São Pedro pichadas por alguém que se autodenomina “Zico”. Mas a deficiência da organização turística da cidade merece outro texto e vou me manter focada na experiência positiva da Freguesia.

Em vinte minutos eu tinha fotografado tudo que eu queria e resolvi sentar para tomar um café e olhar o movimento. A senhora que passou comentou que “com este vento o tempo vai virar”, o garçom veio saber o que me trazia à Freguesia como se dissesse na minha testa e na minha máquina fotográfica que eu definitivamente não era dali. Me senti no interior do interior. Eu escrevi no facebook e no twitter que eu estava lá e rapidamente um amigo me ligou para que eu não esquecesse de conhecer o Frangó, o bar mais famoso do bairro. Descobri que estava ao lado do Frangó, mas naquele horário só estávamos eu e um senhor de chapéu panamá que escutava uma “milonga paraguaia” que tocava no seu carro estacionado em frente ao bar. Fiquei fazendo planos de convidar meus amigos para ir lá noutro sábado à tarde, assim como eu já fiz para fotografar o centro da cidade, para comer frutas que não conhecemos no Mercado Municipal e para jantar e jogar no Velhão na Serra da Cantareira. Eu nunca realizei nenhum destes planos.

O texto de hoje é o meu compromisso de transformar meus diagnósticos da Vejinha em novas explorações da cidade, promover os passeios que idealizei e incentivar meus amigos a fazer o mesmo. Pode ser que um dia eu não more mais aqui e, quando este dia chegar eu não quero ir embora com a sensação de que faltou muita coisa prá viver! Quero ter vivido São Paulo plenamente, do jeito que eu planejei!

domingo, 18 de outubro de 2009

Ah, Floripa!


Calma, eu sei que a regra é escrever sobre São Paulo e prometo que o farei. Lá nos primeiros textos eu comentei que antes de mudar para a Terra da Garoa (e que garoa nesta semana, hein!?) eu morava em Florianópolis e que isto era motivo para meus amigos daqui achar que eu era louca. Quem, em sã consciência, muda do paraíso florianopolitano para o caos paulistano? Pois é, eu mudei.

Estive em Florianópolis na semana passada e, talvez porque eu estivesse impregnada por um stress que adquiri em São Paulo, consegui ver a cidade que os paulistanos tanto amam. Floripa certamente é um lugar para desacelerar, colocar o pé na areia, sair à noite de chinelo e não ter compromissos. A vista do morro da Lagoa é verdadeiramente linda, Sambaqui realmente merece as muitas fotos que eu tirei e o John Bull das Rendeiras é uma das melhores baladas de rock que eu conheço.

Quando vim viver em São Paulo buscava agito, possibilidades profissionais, opções culturais e queria estar “onde as coisas acontecem”. Encontrei tudo que procurava e continuo achando que é isso mesmo que eu quero do lugar onde for a minha casa. Mas agora eu entendo que este alto e ininterrupto ritmo produz na gente uma eventual necessidade de desconectar, esvaziar a cabeça, “fazer nada” e recarregar as energias. E é, em minha opinião, por isso que paulistanos são tão apaixonados por Florianópolis!

No último dia, quando eu já estava curtindo uma nostalgia e fazendo aqueles questionamentos “será que eu moraria aqui de novo?”, fomos procurar um restaurante para almoçar. O primeiro estava fechado. O segundo? Estava fechado. Acabamos numa churrascaria, a única aberta! Como que uma cidade turística fecha seus restaurantes na hora do almoço de um feriado? Logo lembrei a minha querida São Paulo, que provavelmente estava borbulhando de gente nas centenas de restaurantes de portas abertas, e voltei à minha saborosa realidade paulistana e desvairada que eu gosto tanto!

A foto é a minha tentativa de captar a paz de Sambaqui com o centro da cidade ao fundo!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

DORMIR? QUANDO? QUE HORAS?


Este foi um fim de semana de programações intensas e pezinhos fora de casa! Compromissos de sexta a domingo - de manhã, à tarde e à noite. Ok, eu confesso, somente à tarde e à noite, afinal, as manhãs eu passei nos braços de Morfeu.

A frase do Sinatra sobre Nova York – “that city that never sleeps” - poderia ser tranquilamente atribuída a São Paulo. As baladas, os restaurantes, o hamburger da madrugada, o cinema, a fila da pipoca, o shopping Morumbi, o salão de beleza, a Decathlon e todos os lugares por onde passei estavam cheios de gente. E, principalmente, de gente consumindo!

O paulistano é um consumidor por natureza. Aqui se consome de tudo e tem mercado para todas as classes e bolsos. Mas não me refiro somente aos consumos que custam dinheiro. Há pouco mais de um mês a prefeitura criou a ciclofaixa, que é um circuito isolado por cones e pintado em vermelho que liga os Parques do Povo, do Ibirapuera e das Bicicletas (que eu nem sabia que existia) e onde só se pode andar de bicicleta. No começo funcionava todos os domingos das 7h às 12h e, devido ao enorme sucesso e à faixa congestionada de ciclistas, desde hoje foi estendido até às 14h.

Experimente ir ao supermercado no sábado às dez horas da noite, à um show de hardcore na Av. Robert Keneddy no domingo à tarde, nas lojas da Oscar Freire na sexta-feira durante o dia ou na Rua 25 de Março em qualquer dia e qualquer horário! Públicos completamente diferentes e os três lugares estarão cheios de gente. Show no SESC por sete reais ou no Credicard Hall por duzentos? Encontrará fila nos dois. Balada até às 7h da manhã e corrida no parque às 8h? Terá companhia para o que preferir. Aqui as pessoas aproveitam a cidade, usufruem das opções, lotam bares, lojas, restaurantes e museus!

Arrisco dizer que se a ciclofaixa funcionasse durante a noite teria movimento. Quem nunca viu os night bikers passeando pela cidade na madrugada? Desejo continuar “acordando na cidade que não dorme”, cheia de opções para todas as tribos!

terça-feira, 29 de setembro de 2009

UMA FORCINHA PARA O BAIRRISMO PAULISTA




























Dia 20 de setembro foi a comemoração da Revolução Farroupilha no Rio Grande do Sul e, para aproveitar a presença do meu pai em São Paulo e o fato de termos mais uma desculpa para festas, fizemos um churrasco comemorativo. Misturamos gaúchos, paulistas, brasilienses, argentinos e portugueses. No meio da tarde os gaúchos resolveram cantar o hino do Rio Grande do Sul, para diversão dos paulistas que, como não conhecem o seu próprio hino, não puderam revidar a provocação.
Ontem, por coincidência, recebi um e-mail da minha mãe que falava deste assunto e achei que era o momento de ensinar o hino do estado de São Paulo aos paulistas! Aí vai:
Hino do estado de São Paulo
Paulista, pára um só instante
Dos teus quatro séculos ante
A tua terra sem fronteiras,
O teu São Paulo das "bandeiras"!

Deixa atrás o presente:
Olha o passado à frente!

Vem com Martim Afonso a São Vicente!
Galga a Serra do Mar! Além, lá no alto,
Bartira sonha sossegadamente
Na sua rede virgem do Planalto.
Espreita-a entre a folhagem de esmeralda;
Beija-lhe a Cruz de Estrelas da grinalda!
Agora, escuta! Aí vem, moendo o cascalho,
Botas-de-nove-léguas, João Ramalho.
Serra-acima, dos baixos da restinga,
Vem subindo a roupeta
De Nóbrega e de Anchieta

Contempla os Campos de Piratininga!
Este é o Colégio. Adiante está o sertão.
Vai! Segue a entrada! Enfrenta!
Avança! Investe!

Norte - Sul - Este - Oeste,
Em "bandeira" ou "monção",
Doma os índios bravios.

Rompe a selva, abre minas, vara rios;
No leito da jazida
Acorda a pedraria adormecida;
Retorce os braços rijos
E tira o ouro dos seus esconderijos!

Bateia, escorre a ganga,
Lavra, planta, povoa.
Depois volta à garoa!

E adivinha através dessa cortina,
Na tardinha enfeitada de miçanga,

A sagrada Colina
Ao Grito do Ipiranga!
Entreabre agora os véus!

Do cafezal, Senhor dos Horizontes,
Verás fluir por plainos, vales, montes,
Usinas, gares, silos, cais, arranha-céus!

Agora preciso estudar e saber se Martin Afonso (o charmoso personagem da foto) e João Ramalho foram tão importantes quanto Giuseppe Garibaldi! Vamos ver se encontro algum paulista que conheça a história e possa me contar...
PS.: Para quem quiser ensaiar, deixo o link da música no You Tube: http://www.youtube.com/watch?v=CooxTgNTHxs&feature=related.

domingo, 27 de setembro de 2009

PEOPLE WATCHING

Enfim estou de volta! Após longas férias do blog, retorno ao meu prazer de falar da minha querida São Paulo. Neste intervalo andei por muitos lugares diferentes dentro e fora da cidade e sempre pensando em temas que fossem legais de comentar aqui.

Reforço a cada dia a minha paixão por cidades grandes, agitadas, cosmopolitas e cheias de GENTE! É impressionante como o povo caracteriza os lugares e como é possível sentir isto quando os visitamos. Fui viajar para fora do país nas minhas férias e voltei para São Paulo com aquele olhar de turista, curioso, tentando imaginar o que se passa na vida daquelas pessoas, como seria viver ali, como determinados hábitos foram gerados e que história há por trás de tudo que fotografamos. Aliás, eu tenho um hábito que me diverte muito quando estou de férias que é fotografar pessoas nas ruas sem que elas percebam. Tenho álbuns de várias cidades diferentes que chamo de “people watching” e sou capaz de lembrar de que cidade foi determinada foto somente pelo estilo das pessoas.

Por coincidência logo depois das férias passei um fim de semana apresentando a cidade para um casal de amigos do meu pai e fizemos aqueles programas “primeira vez em São Paulo”: Liberdade, Praça da Sé, Estação da Luz, Av. Paulista, Mercado Municipal e Bar Brahma! O meu olhar de turista buscando o melhor ângulo para a fotografia me fez perceber várias coisas que nunca tinham me chamado a atenção. E as pessoas? Na minha percepção as pessoas do centro da cidade têm uma identidade que eu não sei descrever, mas, tem uma identidade própria, um estilo. Nesta mesma semana, fui à zona norte prestigiar o aniversário de uma querida amiga naqueles bares da Eng. Caetano Álvares, onde todos os bares estão concentrados na mesma rua, daqueles com mesinha na calçada e que os carros passam devagar prá ver quem está lá. Parece cidade do interior! E acredite: as pessoas lá também têm uma identidade, um estilo, algo que eu também não sei descrever, mas tem.

Durante as férias estive na Rússia e, embora tenha admirado muito o país, a história, a arquitetura, a vodka e a companhia dos queridos amigos que me acompanharam, agradeci muito por ter nascido no Brasil e por morar em São Paulo, com este clima (relativamente) quente, este povo (relativamente) alegre e civilizado. Relativamente pois a relação é com a Rússia, não com o Rio de Janeiro e a Suíça. Embora ainda tenha muita gente lá fora que pensa que nós brasileiros vivemos pelados entre os animais, é impressionante como somos civilizados! Somos higiênicos (tomamos banho todos os dias!) e temos um povo que gosta de gente! Sem falar da qualidade dos serviços, quesito que São Paulo vence muitas grandes cidades mundo afora.

Vejo as diferentes identidades de pessoas que formam esta cidade e penso que este é o grande barato daqui! Quanta gente tem aqui! Quanta mistura de raças, de origens, de sotaques, de ambientes que influenciam, de objetivos que as trouxeram até aqui. Acho que se eu fizer um álbum “people watching” de São Paulo eu não conseguirei traçar um perfil das pessoas e ficarei com a gostosa mistura de ser brasileiro numa cidade que já não é dos paulistas, é do Brasil!

P.S.: Na foto estão dois descendentes de japoneses que, com certeza, não são paulistanos. Os nossos japoneses são diferentes dos outros, não são?!

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Dica do blog: meu primo Gustavo Neves Coelho, Bacharel em Filosofia e um fotógrafo "de mão cheia" publicou algumas fotos que realmente valem a pena no site http://cargocollective.com/gustavocoelho. Confiram!

sábado, 8 de agosto de 2009

A PLACA DE SÃO PAULO COM UMA BANDEIRINHA

Eu adoro internet e sou daquelas pessoas que tem perfil no Orkut, no Facebook, no Twitter, no Linkedin e que participa ativamente de todos eles, além de escrever textos para o blog. Eu não passo muito tempo sem fazer comentários no Twitter, mandar um recado para um amigo no Orkut, ler algum artigo no Linkedin e jogar os muitos testes engraçados do Facebook.

Hoje fiz um destes testes que visava responder “Que brasileiro você é?” e adivinhe qual foi o resultado! Pois é, para decepção geral dos meus conterrâneos gaúchos, o resultado foi que eu sou paulista. E eu fiquei com um sentimento estranho, mesmo sabendo que é uma brincadeira. Fiquei pensando na eterna contradição entre buscar viver como um nativo no lugar eu escolhi estar e buscar manter as origens, respeitar e honrar a cultura de onde venho.

Conheço gente de inúmeras partes do Brasil que vive aqui em São Paulo e a maioria quer “aprender a entender” a cidade, fazer parte, conviver e aproveitar o que tem de bom. Mas vejo todo mundo empenhado em manter hábitos que os conectem com as suas origens. Arrisco opinar e citar os mais bairristas, que a mim parecem ser os gaúchos (sempre!) e os baianos. Tenho amigos baianos que garantem a caranguejada periódica, que frequentam todos os shows de rock baiano em São Paulo e, inclusive, costumavam ter um “QG” onde se reuniam toda semana para estar “com os seus”. Nós, gaúchos, andamos com o adesivo da bandeira do Estado colada no carro (para os desinformados é aquela bandeirinha vermelha, verde e amarela que "20%" dos carros paulistanos possuem!), vamos pro Ibirapuera com uma garrafa térmica pendurada no ombro e uma cuia de chimarrão na mão, penduramos nossas bandeiras do Grêmio (!!!) na sacada e tiramos sarro de todos os paulistas que fazem carne grelhada em pedacinhos e chamam de churrasco. O meu primo, que também mora aqui e é um pouco mais radical, tatuou “Rio Grande do Sul” no braço, para não deixar dúvidas. Somos moradores da apaixonante São Paulo, mas fazemos questão de estampar claramente a nossa origem!

Essa reflexão me faz entender a criação de tantos bairros que nos remetem aos diferentes lugares do mundo dentro desta miscelânea cultural que encontramos aqui. Tem bairro dos italianos, dos judeus, dos koreanos, dos japoneses, dos portugueses, etc, etc, etc, e é melhor eu não dar idéias porque bairristas do jeito que somos, é capaz de criarmos um bairro gaúcho por aqui! Penso que é esta necessidade de conexão com as origens, de não perder a essência e os hábitos que aprendemos desde a infância que movem estas construções de redutos que nos façam sentir como no lugar de onde viemos.

O sotaque começa a ficar misturado, a sinaleira passa a ser chamada de farol, descobrimos todos os dias palavras que pensávamos que eram em português e na verdade são “baianês” ou “gauchês”. Quando estamos em São Paulo somos “de fora” e quando estamos no nosso Estado somos julgados por termos “perdido as raízes”, eliminado do vocabulário palavras que caracterizam o nosso povo. Eu não falo “bah” e “tri” há uns 10 anos! Estas histórias são super comuns em São Paulo e aproximam pessoas de todos os cantos do País. Esta cidade proporciona sermos nativos porque, afinal, é habitada por milhões de forasteiros e, ao mesmo tempo, expressarmos nossas origens e nossos costumes sem preconceito!

Hoje li na página do Twitter de um baiano, supostamente citando Nizan Guanaes: “Se a Bahia é tão boa, porque você não mora lá? O orixá me ajudou e respondi: Lá não me destaco, pois todos são baianos!”. É isso mesmo! Nossa origem nos diferencia, nos alimenta, nos fez sermos quem somos! Eu acho o máximo ser gaúcha por aqui!

segunda-feira, 27 de julho de 2009

MUITA MÚSICA E POUCA ABOBRINHA, POR FAVOR!

Os três primeiros textos do blog vieram facilmente, como se já estivessem dentro de mim e tivessem sido transformados em palavras que queriam ser divididas com os amigos. O quarto já não está tão fácil. Durante toda a semana penso em muitas coisas para escrever, anoto no caderninho que anda sempre comigo (um que ganhei da minha mãe e diz “conhecimento” na capa, prá ver se ajuda a criatividade!) e depois fico me censurando, achando que o assunto não será interessante para quem irá ler. Posso garantir que a pior crítica é a autocrítica. Mas, inspirada pela frase do brasão de São Paulo, em latim "non ducor, duco", cujo significado em português é "não sou conduzido, conduzo", aqui estou eu lutando contra a minha própria censura e cumprindo com o meu compromisso comigo mesma de publicar um texto por semana. Eu definitivamente preciso me levar menos a sério! :)

A minha última semana não foi diferente das outras – encontrei outra prima amada visitando a cidade, conheci mais gente que recém mudou para cá e ainda está entendendo como viver aqui, fui a um restaurante que eu ainda não conhecia, aos outros bastante conhecidos e trabalhei, como de costume, como uma legítima paulistana (muito!). E em todos estes ambientes e com todas estas pessoas conversei sobre o blog e sobre a minha querida São Paulo. Eu estou tão feliz com esta nova atividade que estou ficando chata com este assunto. Ouvi muitas pessoas dizendo que vão conferir as dicas sobre a cidade no meu blog, mas sei que até agora fui muito sentimental e pouco prática. Então, esta semana, o texto é dedicado às indicações de lugares que eu gosto muito. Estréio hoje com duas categorias e dois lugares por categoria.

OS RESTAURANTES

Bráz

A pizzaria que eu mais frequento é aqui em Moema, na Graúna, mas tem outras em Pinheiros, Higienópolis e Morumbi. E como os paulistanos são bons de negócio, já há filiais em Campinas e no Rio. As pizzas Massarico e Caprese são excelentes, os cornicciones de entrada são ótimos e o azeite com alho (para quem gosta de alho) é bem melhor que o normal. A minha amiga Mariana é apaixonada pela pizza chamada Bráz, de abobrinha, mas eu costumo dizer que tem gosto prá tudo! A minha opinião é que pizza e abobrinha não combinam, mas eu respeito! A carta de vinhos também é muito boa e o site deles é www.casabraz.com.br. Além das filiais tradicionais ainda há o Quintal do Braz, na Vila Mariana, com o mesmo cardápio e uma decoração mais moderna, que também é uma excelente pedida. Vale dizer que domingo é o dia oficial da pizza aqui em São Paulo, quando todas as pizzarias estão cheias.

Gardênia

O restaurante é super charmoso e fica em frente à Praça dos Omaguás, em Pinheiros, que aos finais de semana recebe feirinhas de artesanato. O lugar é muito gostoso e, além de ficar em frente à praça, há uma Fnac ao lado, que é parada obrigatória antes ou depois do almoço (eu não conheço o gosto da minha fiel “meia dúzia de 18 leitores”, mas eu a-do-ro a Fnac)! A especialidade deles é em receitas com carne de cordeiro, mas também servem risotos deliciosos (o de calabresa com rúcula é meu favorito!). O serviço é simpático e eles sabem fazer o cosmopolitan direitinho. Abriu recentemente uma filial na Rua Gabriel Monteiro da Silva que depois do jantar vira ‘baladinha’ e escutei que também é super agradável e concorrido, mas ainda não conheci. O site é www.gardeniaresto.com.br.

OS LUGARES COM MÚSICA AO VIVO

Soulive

O bar fica num sobrado da Rua Normandia, em Moema. A rua é toda de sobrados, com lojas, bares e restaurantes e é um daqueles pedaços de São Paulo que você sente como se estivesse em outro lugar. No site oficial o bar está muito bem definido: “Soulive, como o próprio nome diz, é onde a alma vive. Um espaço aconchegante, confortável, que inspira prazer.” A música varia de acordo com o dia da semana, mas estão no cardápio musical bossa nova, blues, jazz e funk groove. O lugar é bem pequeno e vive cheio de músicos e de amigos dos músicos que sempre acabam participando do show. Um dos donos toca gaita de boca muito bem e vive dando canja nos shows. A sensação gastronômica deste inverno lá é o camembert na pedra, acompanhado de pães e geléias. É um lugar muito gostoso e com um astral especial! Conheça o site www.soulive.com.br e o bar!

Grazie a Dio!

Eu tenho dificuldade de definir o lugar porque é restaurante, bar e sempre tem uma banda tocando. A música varia entre samba-rock, samba, jazz, funk, bossa nova e chorinho. A casa já ganhou várias vezes o prêmio da Vejinha de melhor lugar de música ao vivo. Lá eles servem comida mediterrânea e a decoração é divertida, despojada e colorida. É um lugar descontraído para curtir boa música, dançar, dançar e dançar! É impossível ficar parado e não cantar junto com a banda. E tem a cara da Vila Madalena! Fica na Rua Girassol e o site é www.grazieadio.com.br.

Esta brincadeira de indicações é muito prazerosa de fazer. Já tenho no mínimo mais uns dez nomes de lugares que passam pela minha memória neste momento, mas os guardarei para outros textos com pouca inspiração. O mais curioso é que sempre que vamos decidir aonde ir, pensamos, pensamos e acabamos indo aos mesmos lugares. A sensação é que estamos numa cidade sem opções. Outro dia, num rompante de criatividade, fomos parar no Thai Gardens, um restaurante de comida tailandesa que também é muito legal, mas que não faz parte do roteiro habitual. Foi uma alegria porque parecia que estávamos de férias, num lugar diferente do roteiro-nosso-de-toda-semana. Vários amigos já se disponibilizaram a me acompanhar nas pesquisas de outros lugares diferentes e legais para publicar aqui, então espero ter sempre novidades e boas dicas. Aos conhecedores de outras boas dicas sobre a cidade, colaborem e escrevam comentários aqui no site ou e-mails para tricianeves@hotmail.com.

Tirei esta foto ontem lá no Grazie a Dio! A decoração não é uma gracinha?

E se este texto tivesse trilha sonora, escolheria Sá Marina, na voz de Wilson Simonal, gravada em 1979: dançante, brasileira e de qualidade. Confira no You Tube: http://www.youtube.com/watch?v=KIPPmocSwtc.

Espero que a semana de vocês seja quente, independente dos termômetros lá fora!

Trícia

segunda-feira, 20 de julho de 2009

METRÓPOLE COM SABOR DE INTERIOR












Estou escrevendo este texto no Frans Café da Baronesa de Itu, em Higienópolis. Esta é uma parte da cidade que eu conheço muito pouco, embora tenha compromisso aqui toda semana.

São Paulo é uma cidade grande formada por inúmeras pequenas cidades. E, salvo pequenas exceções, as pessoas levam a vida num pequeno pedaço da cidade e praticamente só conhecem o seu pedaço. Acabei de escutar o pessoal da mesa ao lado (feio escutar a conversa dos outros, né?!, mas é pesquisa!) dizendo que não têm a menor idéia onde fica “Águas Claras”. E “Sapopemba”? Também não. Admito que eu tampouco. Mas quando falaram “Anália Franco” eu comemorei, afinal, enfim um lugar que eu sei onde fica! Confesso que só sei por que a empresa que eu trabalho tem filial lá porque nunca tive motivos pessoais para ir ao Jardim Anália Franco. Sem nenhuma crítica ao lugar, que é um bairro bem simpático, mas nunca fui convidada para um churrasco, um restaurante ou qualquer outro evento por lá. A “minha pequena cidade” fica do outro lado da cidade.

Um dia comprei um daqueles mapas de São Paulo que os caras vendem junto com guarda-chuvas e flores na esquina da Henrique Schaumann com a Rebouças. Eu queria entender melhor a disposição dos lugares, a continuação das Marginais e a conexão com as estradas, quais bairros eram vizinhos, essas coisas essenciais para o senso de localização nesta cidade. Fiquei surpresa quando percebi que muitos bairros daqui são divididos em vilas. É algo como bairro do bairro, o maior é o distrito e o menor é o bairro, ou alguma coisa assim. Por exemplo, a Vila Olímpia faz parte do bairro Itaim, a Vila Madalena faz parte do bairro de Pinheiros, a Vila Nova Conceição e a minha amada Vila Uberabinha são partes do bairro de Moema. Como eu não conheço os limites que separam a Vila Uberabinha das outras vilas dentro de Moema, vou falar do bairro todo mesmo.

Moema é conhecida por ser dividida entre “os pássaros” e os “índios”. Do lado de cá da Avenida Ibirapuera as ruas são batizadas com nomes de pássaros e do lado de lá são batizadas com nomes indígenas. Como eu disse no primeiro texto (Contexto), meu aprendizado costuma ser proporcional ao meu interesse, portanto, como moro do lado de cá, domino melhor a área passarinha! Por aqui eu me sinto como lá em Taquara (minha cidade natal, embora eu tenha efetivamente nascido em Porto Alegre), onde eu conheço muita gente. Aqui conheço o moço da banca de jornais, o caixa da padaria, os manobristas dos salões de beleza da minha rua, a japonesinha da lavanderia, os garçons da galeteria, o atendente da farmácia, o argentino dono do restaurante italiano (é, pois é, coisas de SP!), as duas senhoras que moram no mesmo andar que eu, a esposa do porteiro, as vizinhas que frequentam a academia e tomam sol no prédio, o dono do bar de blues que eu adoro, os taxistas do ponto, enfim, ando na rua cumprimentando as pessoas. Para mim, não existe lugar melhor para morar do que onde eu moro. Como se percebe na quantidade de serviços que citei, neste bairro tudo está perto e possível de ir andando, ao contrário de Taquara, onde embora tudo seja perto todo mundo faz tudo de carro. Moema é a minha cidade do interior!

E quando você pensa que está na cidade grande e vai ao supermercado toda desarrumada no domingo, passa rapidinho na locadora depois de treinar no parque (isto significa estar escabelada, vermelha, suando..), pode ter certeza que alguém conhecido estará lá! Comigo não tem erro, eu sempre encontro alguém nos lugares. É igualzinho lá em Taquara!

Tenho a sensação que nós criamos nossos pequenos redutos de conforto, onde conhecemos e nos sentimos seguros. E nesta cidade de milhões de habitantes não é diferente porque aqui também é possível se sentir no interior. Só falta a minha família enorme, amada e aqueles almoços barulhentos e saborosos de domingo!

PS.: O convidado da foto é um pintassilgo!

Um abraço,

Trícia

segunda-feira, 13 de julho de 2009

FILOSOFIA DE BOTECO


Ufa! Passou o medo do meu primeiro post. Ontem coloquei o texto, divulguei para os amigos e fui fazer o que todo paulistano na minha idade que se preza faz no mínimo uma vez por semana: encontrar os amigos no boteco! Quando voltei pude ler as mensagens de gente muito querida incentivando a empreitada. Foi muito gostoso e me deu o maior gás para continuar. Recebi dicas excelentes, fotos especiais e me dei conta que eu vou ter que estudar mais sobre a cidade para trazer coisas que mantenham a minha meia dúzia de leitores interessada.

Mas, ainda no boteco, dois amigos mineiros de uma amiga de Brasília (assim são os grupos por aqui), que sequer sabem do blog, estavam comparando Belo Horizonte com São Paulo. Como eu não conheço BH, não pude opinar na discussão, mas me interessei pela forma de avaliar as duas cidades. Eles diziam que São Paulo é boa para viver, mas não é boa para morar. Como assim? O cara diz um negócio desses logo prá mim?? Fiquei intrigada e não sosseguei enquanto não comecei a escrever sobre isto.

Os significados do dicionário são bastante claros. Morar é “viver habitualmente em; residir, habitar”. Já viver, entre outras coisas, é “aproveitar a vida (ex.: com tanto dinheiro, não sabe viver). Escolhi este entre oito outros significados porque é também como eu interpreto. E aqui é um lugar muito bom para aproveitar a vida!

Para não ignorar o que é “morar em São Paulo”, confesso que é uma parte delicada e deve ser estrategicamente pensada quando alguém escolhe morar aqui. Lugar bom para morar é perto do trabalho, considerando que não podemos ignorar o caos que é o trânsito na cidade. Mas esta é uma cidade de escolhas, eternas escolhas. Dependendo onde se trabalha morar perto pode ser mais caro ou então, pelo preço, o apartamento pode precisar ser menor. A minha opinião é que levar dez minutos prá chegar ao escritório numa cidade como esta não tem preço. Porém, no meu apartamento não cabe a minha sonhada mesa de jantar de seis lugares! Eternas escolhas...

Já “viver em São Paulo” é o meu tema preferido. Esta é uma cidade de muitos encantos, para todos os interesses, culturas, horários e bolsos! É a cidade do superlativo. Tudo aqui é muito. Tem muita gente (e de muitos lugares), muitos restaurantes (ah, os restaurantes!), muitos cinemas (com filmes comerciais, cult, com cardápio de vinhos, com pré-estréias baladas, com dias de sessões por dois reais), muitos teatros, muitas lojas, muitos times de futebol (o certo não é ter só dois?), músicas de todos os cantos e de todos os preços (já vi gente pagando 500 reais num show e eu mesma já paguei quatro reais para assistir o Nando Reis no Sesc). Além disto tudo, alguém já viu as flores dos canteiros das avenidas 23 de Maio e Faria Lima? São muitas! Às vezes mostro para alguém e a pessoa se espanta. Numa cidade onde todo mundo tem pressa, onde o foco é trabalhar e “ganhar a vida”, é preciso aprender a viver aqui.

Aprender a viver aqui é admirar a cidade como ela é. Outro dia passei com uma amiga de Florianópolis por uma ponte da Marginal Pinheiros num fim de tarde e a fotografia da janela do carro era de muitas pistas cheias de carros, o sol se pondo e muitas luzes, dos prédios, dos carros, dos helicópteros, de tudo. Eu mostrei a vista prá ela com um orgulho bobo dizendo “olha que linda esta vista”. Ela começou a rir porque vista linda prá ela é ali naquele mirante descendo o morro da Lagoa, sabe? Para mim a beleza daqui está na velocidade, na capacidade acolhedora, no contraste entre o asfalto e o verde, no tamanho, nas muitas luzes, na miscelânea sonora, nos ipês de novembro e nos longos papos com as mais variadas pessoas que encontro no caminho, nos inúmeros sotaques e idiomas que se escuta por aí.

Li um texto na Folha de São Paulo que dizia assim: “Mas o coração da América Latina é aqui. Vá lá que o centro geodésico da América do Sul fique na Chapada dos Guimarães, a capital em Brasília, o pulmão do mundo na Amazônia, que a mais linda cidade seja o Rio de Janeiro, a mais agradável, Salvador, a mais combativa, Porto Alegre, a modelo de consumo, Curitiba, a que tem mais mangueiras, Natal... Mas o coração está aqui. Não por São Paulo ser a locomotiva do Brasil, a cidade que não pode parar, ou porque tenha importância econômica capital, ou por ser uma das mais antigas do Brasil, nem mesmo por ser a meca dos emigrantes esperançados de um futuro melhor. Nada disso. O coração da América Latina é aqui porque esta é a cidade que mais emoções provoca: mais amor, mais horror”.

Se você escolher morar aqui escolha também VIVER aqui. Escolha amá-la, aproveite a imensidão de coisas que ela oferece e opte pelo olhar de um aprendiz, pela atitude de provar o que é novo e pela possibilidade de conhecer histórias, pessoas, culturas, hábitos e costumes de todos os lugares do mundo!

A foto foi doada pelo meu amigo-fotógrafo-nas-horas-vagas Samuel Squarisi e representa um pouco da beleza que eu quero contar.

Boa semana,

Trícia

domingo, 12 de julho de 2009

CONTEXTO

Hoje sonhei que eu tinha um blog. Sonhei até sobre o que eu escreveria. E aí resolvi começar, prá ver no que dar. Mas vamos contextualizar esta história!

Ontem sai com a minha prima, que veio de Porto Alegre para trabalhar em São Paulo por três dias. Quando voltei prá casa pensei em como é bom morar aqui porque a maioria das pessoas com quem me relaciono tem motivos para vir prá cá de vez em quando. Tem gente que vem trabalhar (a maioria), outros vem fazer o visto para os Estados Unidos (impressionante a quantidade de gente que veio nos últimos doze meses!), assistir o Cirque du Soleil (este ano acabou a farra porque o Cirque vai estar nas principais cidades do país) ou até mesmo passar umas horinhas em Guarulhos esperando a conexão, como aconteceram algumas vezes este ano com amigos queridos.

Eu vim morar aqui há sete anos. Sou gaúcha e antes de mudar para São Paulo vivia em Florianópolis. Foi a razão para todos os meus amigos paulistanos acharem que eu era louca e que tinha deixado o paraíso para viver no purgatório. Com todo o respeito e carinho à Florianópolis e aos amigos queridos que tenho até hoje lá, eu não pertencia à Ilha da Magia! O ritmo da cidade era muito tranquilo para a minha velocidade e eu queria mais. São Paulo foi amor à primeira vista. Eu sabia que um dia eu moraria aqui e dizia isso para quem quisesse ouvir. O tamanho da cidade, a diversidade das pessoas, o acesso a tudo a qualquer hora do dia e o sentimento de estar onde as coisas acontecem me fascinavam e continuam me encantando. Sou uma apaixonada pela cidade de São Paulo e já escutei minhas amigas dizendo “eu gosto de morar aqui, mas não com a paixão da Trícia”. É verdade, no meu caso, é amor.

Quando eu gosto genuinamente de alguma coisa, eu me interesso, não canso de aprender sobre aquilo e quero estar sempre atualizada no assunto. Isto é muito verdadeiro na minha relação com esta cidade. Presto serviços de GPS para os meus amigos, com três clientes cativos que eu quero mais é que não aprendam a andar em SP nunca porque me fazem sentir muito paulistana quando me ligam prá saber como fazem para chegar em algum lugar. Eu realmente aprendi os caminhos. Testo, leio placas, estudo meu “Guia das Ruas de SP” e, quando não tenho outra opção, paro e pergunto. Mas pergunto uma vez só, depois eu aprendo.

Então (esta é a principal expressão paulistana que a minha família tira sarro quando uso no Rio Grande do Sul), considerando o meu sonho, o meu amor por São Paulo, a minha adoração por comunicação e a minha vontade de contar o que eu tenho prá dizer, resolvi que este blog será dedicado a falar de São Paulo, das coisas legais que encontro por aqui e das razões que fazem de mim uma paulistana de coração! Espero que gostem e que se apaixonem pela cidade, como eu!

Trícia



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