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segunda-feira, 20 de julho de 2009

METRÓPOLE COM SABOR DE INTERIOR












Estou escrevendo este texto no Frans Café da Baronesa de Itu, em Higienópolis. Esta é uma parte da cidade que eu conheço muito pouco, embora tenha compromisso aqui toda semana.

São Paulo é uma cidade grande formada por inúmeras pequenas cidades. E, salvo pequenas exceções, as pessoas levam a vida num pequeno pedaço da cidade e praticamente só conhecem o seu pedaço. Acabei de escutar o pessoal da mesa ao lado (feio escutar a conversa dos outros, né?!, mas é pesquisa!) dizendo que não têm a menor idéia onde fica “Águas Claras”. E “Sapopemba”? Também não. Admito que eu tampouco. Mas quando falaram “Anália Franco” eu comemorei, afinal, enfim um lugar que eu sei onde fica! Confesso que só sei por que a empresa que eu trabalho tem filial lá porque nunca tive motivos pessoais para ir ao Jardim Anália Franco. Sem nenhuma crítica ao lugar, que é um bairro bem simpático, mas nunca fui convidada para um churrasco, um restaurante ou qualquer outro evento por lá. A “minha pequena cidade” fica do outro lado da cidade.

Um dia comprei um daqueles mapas de São Paulo que os caras vendem junto com guarda-chuvas e flores na esquina da Henrique Schaumann com a Rebouças. Eu queria entender melhor a disposição dos lugares, a continuação das Marginais e a conexão com as estradas, quais bairros eram vizinhos, essas coisas essenciais para o senso de localização nesta cidade. Fiquei surpresa quando percebi que muitos bairros daqui são divididos em vilas. É algo como bairro do bairro, o maior é o distrito e o menor é o bairro, ou alguma coisa assim. Por exemplo, a Vila Olímpia faz parte do bairro Itaim, a Vila Madalena faz parte do bairro de Pinheiros, a Vila Nova Conceição e a minha amada Vila Uberabinha são partes do bairro de Moema. Como eu não conheço os limites que separam a Vila Uberabinha das outras vilas dentro de Moema, vou falar do bairro todo mesmo.

Moema é conhecida por ser dividida entre “os pássaros” e os “índios”. Do lado de cá da Avenida Ibirapuera as ruas são batizadas com nomes de pássaros e do lado de lá são batizadas com nomes indígenas. Como eu disse no primeiro texto (Contexto), meu aprendizado costuma ser proporcional ao meu interesse, portanto, como moro do lado de cá, domino melhor a área passarinha! Por aqui eu me sinto como lá em Taquara (minha cidade natal, embora eu tenha efetivamente nascido em Porto Alegre), onde eu conheço muita gente. Aqui conheço o moço da banca de jornais, o caixa da padaria, os manobristas dos salões de beleza da minha rua, a japonesinha da lavanderia, os garçons da galeteria, o atendente da farmácia, o argentino dono do restaurante italiano (é, pois é, coisas de SP!), as duas senhoras que moram no mesmo andar que eu, a esposa do porteiro, as vizinhas que frequentam a academia e tomam sol no prédio, o dono do bar de blues que eu adoro, os taxistas do ponto, enfim, ando na rua cumprimentando as pessoas. Para mim, não existe lugar melhor para morar do que onde eu moro. Como se percebe na quantidade de serviços que citei, neste bairro tudo está perto e possível de ir andando, ao contrário de Taquara, onde embora tudo seja perto todo mundo faz tudo de carro. Moema é a minha cidade do interior!

E quando você pensa que está na cidade grande e vai ao supermercado toda desarrumada no domingo, passa rapidinho na locadora depois de treinar no parque (isto significa estar escabelada, vermelha, suando..), pode ter certeza que alguém conhecido estará lá! Comigo não tem erro, eu sempre encontro alguém nos lugares. É igualzinho lá em Taquara!

Tenho a sensação que nós criamos nossos pequenos redutos de conforto, onde conhecemos e nos sentimos seguros. E nesta cidade de milhões de habitantes não é diferente porque aqui também é possível se sentir no interior. Só falta a minha família enorme, amada e aqueles almoços barulhentos e saborosos de domingo!

PS.: O convidado da foto é um pintassilgo!

Um abraço,

Trícia

4 comentários:

  1. Tricia,

    Adorei seu Blog! Deu-me tanta saudade...

    Beijos,

    Susana

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  2. Tri,
    Já sei qual vai ser minha primeira aquisição para o novo apto (que vou achar essa semana, se Deus e os corretores de SP quiserem) - um mapa desses que você comentou, modelo XXL com cada vilazinha da cidade.
    Adorei o post!!!
    Bjos

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  3. E vero, sao pequensa cidades dentro da Sampa querida. Lembro de uma conversa com uma amiga que mora na Vila Miguel que nunca tinha ido ao Shopping Iguatemi...e eu, por minha vez, nunca fui na casa dela porque eh mais facil ir pra Mogi do que me perder praqueles lados...
    Agora, esse lance dos passaros de Moema...SO PRA ME CONFUNDIR! Ja reparou quantas ruas do seu bairro comecam com a letra J? Jandira, Jauaperi, Jacutinga, Juquis, Juruce, Jurema...EU FICO LOUCAAAAAAAA!!!Preciso e necessito de um GPS!!!

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  4. Sabe Trí,,,
    Só morei 4 anos em Sampa e faz tempo. Como paulista já tinha referências e parentes e amigos na cidade. Mas perceber o que você descreve foi minha maior e melhor conquista nessa cidade, que eu sigo amando!!
    E praticamente todas as vezes que tentei dizer isso para as pessoas nos outros vários lugares que morei, ganhei uma cara de desconfiança, de interrogação, de maluca!
    Então, tenho 2 coisas pra te dizer: sempre achei incrível o jeito como a gente se entende (não é à toa que você é minha madrinha!) e nas próximas vezes que São Paulo cair na conversa, vou dar o endereço do teu blog!!!

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